há 14 dias
Amanda Martins

Descoberto em 1º de julho, o cometa interestelar 3I/Atlas tem despertado grande interesse da comunidade científica e provocado especulações desde que suas características incomuns foram observadas pela primeira vez. Entre as teorias que circularam, chegou-se a sugerir que o objeto poderia ser uma nave alienígena, hipótese descartada pela Nasa com base em dados consistentes.
Segundo o portal Metrópoles, a estatal norte-americana apresentou, na última quarta-feira (19/11), os primeiros resultados de observações e análises realizadas por mais de 20 missões espalhadas pelo Sistema Solar. A coletiva, adiada por causa da paralisação do governo dos Estados Unidos, também divulgou imagens inéditas do visitante interestelar.
1. 3I/Atlas é um cometa, reforça Nasa
Durante o encontro, os cientistas foram categóricos ao classificar o 3I/Atlas como um cometa. “Desejamos muito encontrar sinais de vida no universo, mas o 3I/Atlas é um cometa”, afirmou Amit Kshatriya, administrador associado da agência.
A teoria da suposta “espaçonave alienígena” ganhou força após um estudo sem revisão por pares do astrofísico Avi Loeb, da Universidade Harvard, sugerir que o objeto teria atributos semelhantes aos de uma nave disfarçada. A hipótese foi amplamente rejeitada pela comunidade científica e refutada pela Nasa, que também assegurou que o 3I/Atlas não representa risco para a Terra ou para qualquer outro planeta do Sistema Solar. “Este objeto é um cometa. Ele tem a aparência e o comportamento de um cometa, e todas as evidências apontam para que seja um cometa”, completou Kshatriya.
2. Monitoramento especial foi mobilizado
Por estar localizado no lado oposto do Sol em relação à Terra desde sua descoberta, o 3I/Atlas teve sua observação terrestre limitada. Para contornar o problema, a Nasa coordenou uma rede especial de monitoramento, unindo equipes e instrumentos posicionados em diferentes regiões do Sistema Solar, incluindo a Terra e Marte, garantindo múltiplos ângulos de observação do objeto.
3. Janela rara para estudar sistemas estelares antigos
Segundo estimativas, o cometa viaja há muito tempo pelo espaço interestelar e pode ter se originado em um sistema planetário mais antigo do que o nosso. A possibilidade empolgou os cientistas. “Só de pensar nisso já me dá arrepios, para ser sincero. É uma nova janela para a composição e a história de outros sistemas solares”, declarou Tom Statler, cientista da Nasa.
4. Composição química surpreende pesquisadores
Apesar de se comportar como um cometa típico ao se aproximar do Sol, o 3I/Atlas apresenta características químicas incomuns. A proporção de dióxido de carbono para água encontrada no corpo celeste é maior que o padrão, e seu gás é mais rico em níquel do que em ferro — composição rara entre cometas conhecidos.
Outro ponto intrigante é a poeira que o circunda, formada por grãos maiores que os normalmente observados. Esses detalhes reforçam o interesse científico no objeto, que continuará sendo analisado enquanto atravessa o Sistema Solar. “Ainda estamos aprendendo, inclusive sobre quais perguntas ainda precisamos fazer. E isso, claro, é o processo científico em ação”, concluiu Statler.